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TESTEMUNHO - Hoje, memória de Dom Oscar Romero

Dom Oscar Arnulfo Romero

1917 - Nasce Oscar Arnulfo Romero em uma família modesta em Ciudad Barrios (El Salvador).

1931- Aos 14 anos o menino Oscar ingressa no seminário, mas seis anos depois se afasta para ajudar a família que estava com dificuldades. Passa a trabalhar nas minas de ouro com os irmãos. Retoma os estudos e é enviado a Roma para estudar teologia.

1942 - Ordenado sacerdote, volta a El Salvador e assume uma paróquia do interior. Logo é transferido para a catedral de San Miguel, onde fica por 20 anos. Sacerdote dedicado à oração e à atividade pastoral, pobre, dedica-se a obras de caridade, mas sem engajamento reconhecidamente social.

1966 - Dom Oscar assume como secretário da Conferência Episcopal de El Salvador.

1970 - É nomeado bispo auxiliar de San Salvador. O bispo dom Luis Chávez y Gonzalez busca atualizar a linha pastoral de acordo com o Concílio Vaticano II e a Conferência de Medellín. Romero não se identifica integralmente com a linha pastoral proposta, revelando-se conservador.

1974 - É nomeado bispo da diocese de Santiago de Maria, em meio a um contexto político de forte repressão, sobretudo contra as organizações camponesas.

1975 - A Guarda Nacional executa cinco camponeses e dom Romero celebra missa em intenção das vítimas. Ele não faz denuncia explícita do crime, mas escreve uma carta severa ao presidente Molina.

1977 - A nomeação de dom Oscar Romero como bispo de El Salvador desagrada os setores renovadores. Mas em 12 de março é assassinado o jesuíta padre Rutílio Grande, engajado na luta do povo e ligado a dom Oscar. Este é o momento em que ele reavalia sua posição e se coloca corajosamente junto aos oprimidos, denunciando a repressão, a violência do Estado e a exploração imposta ao povo pela aliança entre os setores político-militares e econômicos, apoiada pelos Estados Unidos. O bispo denuncia também a violência da guerrilha revolucionária. Suas homilias são transmitidas pela rádio católica dando esperança à população e provocando a fúria dos governantes.

1978 - É homenageado com o título de doutor honoris causa das Universidades de Georgetown (EUA) e de Louvain (Bélgica).

1979 - Em outubro, um golpe de Estado depõe o ditador Humberto Romero. Uma junta de civis e militares assume o poder, e nesse cenário, exército e organizações paramilitares assassinam centenas de civis (entre eles sacerdotes). A guerrilha retalia com execuções sumárias.

1980 - Em 17 de fevereiro, dom Romero escreve ao presidente dos EUA, Jimmy Carter. O bispo faz um apelo para que ele não envie ajuda militar e econômica ao governo salvadorenho, para não financiar a repressão ao povo.

1980 - Na homilia de 23 de março, o bispo se dirige explicitamente aos homens do Exército, da Guarda Nacional e da Polícia e afirma: "Frente à ordem de matar seus irmãos deve prevalecer a Lei de Deus, que afirma: NÃO MATARÁS! Ninguém deve obedecer a uma lei imoral (.). Em favor deste povo sofrido, cujos gritos sobem ao céu de maneira sempre mais numerosa, suplico-lhes, peço-lhes, ordeno-lhes em nome de Deus: cessem a repressão!" Estas foram as últimas palavras do bispo ao país.

1980 - Em 24 de março, dom Oscar Romero é assassinado por um franco-atirador, enquanto reza a missa na capela do Hospital da Divina Providência.

1994 - Abre-se o processo de canonização de dom Romero em San Salvador.

1997 - O processo passa para a Congregação das Causas dos Santos em Roma.

2010 - Em 24 de fevereiro, 30 anos da morte de dom Oscar Romero, Organizações sociais e religiosas apresentaram ao Parlamento salvadorenho petição para instituir 24 de março como "Dia Nacional de dom Oscar Arnulfo Romero".


São Romero da América, pastor e mártir
(Dom Pedro Casaldáliga)

Tu ofertavas o Pão, o Corpo Vivo
- o triturado corpo de teu Povo;
Seu derramado Sangue vitorioso -
o sangue campesino de teu Povo em massacre,
que há de tingir em vinhos de alegria a Aurora conjurada!

E soubeste beber
o duplo cálice
do Altar e do Povo,
com uma só mão consagrada ao Serviço.

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