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Um sacerdote assassinado estupidamente


Desse jeito não dá
Dom Luiz Soares Vieira, arcebispo de Manaus (AM)

Neste ano tivemos uma Campanha da Fraternidade, toda ela voltada para a segurança pública. O tema foi escolhido por solicitação de muitas entidades da sociedade civil que o consideraram extremamente grave. Graças a Deus, as repercussões foram positivas e os debates atingiram inclusive os meios de comunicação social. As próprias conferências nacionais, estaduais e municipais de segurança pública sofreram influência das reflexões realizadas e publicadas. Valeu a pena levantar o debate!
Nestes últimos dois meses a Igreja Católica em Manaus sentiu na pele a urgência de levar-se bem mais a sério esse problema. Do jeito como andam os atos de violência contra pessoas e instituições ligadas a nós não dá pra continuar. Veja só o elenco dos fatos: primeiro, assaltaram a mão armada o convento dos capuchinhos; segundo, invadiram a mão armada a Casa das Irmãs Idosas e Doentes do Patronato Santa Terezinha; terceiro, entraram com mão armada numa casa paroquial e roubaram tudo; quarto, no dia 17 de setembro, dom Gutemberg Régis, bispo de Coari, e padre Manoel Soares, superior dos Redentoristas, foram seqüestrados, aterrorizados e tiveram o carro roubado no Bairro de Aparecida; quinto, a Praça da Matriz está nas mãos de pessoas que assaltam fiéis e turistas; sexto, muitas igrejas têm sido roubadas; sétimo, para coroar nossos sofrimentos, no dia 19 de setembro de 2009, às 7h, assassinaram estupidamente o padre Ruggero Ruvoletto, um sacerdote italiano, missionário das Dioceses de Pádua (Itália) e de Pesqueira, que há dois anos trabalhava na evangelização de Santa Etelvina, União da Vitória e comunidades das rodovias BR e AM. Era ele um homem sossegado, incapaz de maltratar alguém, um cristão de muita fé. Sua morte doeu muito. Estamos intrigados com a sucessão muito próxima de violências pesadas contra gente da Igreja Católica. Por outro lado sentimos que o mesmo acontece em doses amargas contra o povo de Manaus. Assaltos em ônibus, nas ruas, nas casas e por todo lado; assassinatos de todos os tipos e com sucessão alucinante; drogas a rodo. Pobre de nossos cidadãos e cidadãs o dia dos funerais, a comunidade de Santa Etelvina distribuiu um manifesto em que expressa o medo de todos: “Tudo isso tem nos deixado apavorados, pois o clima da insegurança é total; temos que contar com a própria sorte.”
Dentre as muitas manifestações de conforto, destaco o telegrama enviado pelo papa Bento 16, em que ele condena “este ato vil e cruel contra pacíficos servidores do Evangelho”, e nos fala do perdão a ser concedido aos assassinos. Jesus perdoou os seus matadores: “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem.” Perdoamos de coração porque cremos num Deus que perdoa sempre. Mas, como acreditamos num Deus justo, exigimos que sejam presos para receberam reeducação (seja utopia no atual sistema prisional brasileiro?). E continuamos a luta pela paz.

Um comentário:

TonGonzaleZ disse...

Esse santo Sacerdote de Deus Padre Rogério, foi o primeiro padre que eu conheci e me abriu as portas da Igreja de Deus quando eu tinha saido do protestantismo e pelo seu testemunho de uma vida santa de amor e serviço me deu e ainda me dá inspiração para a vida religiosa. Amado amigo, irmão querido em nome de todos por quem voce deixou um pedacinho seu quero agradecer, pois nunca é tarde para dizer: Te amo! E no Céus onde estas interceda por nós seus pobres filhos e amigos junto ao Divino Esposo. Você sempre estará vivo em meu coração!
Seu sempre amigo, irmão e filho Wellington A. Gonçalves(do Jesus Menino),Paróquia Nossa Senhora de Fátima - DC - RJ Noviço dos Frades Menores Missionários - PG - PR
Paz e Bem!